Continuando as minhas reflexões sobre a minha relação com este nicho e o motivo de o projeto não ter (pelo menos por enquanto) decolado, gostaria de escrever sobre a minha foto com as muletas logo no início da página inicial do blog.
Como eu cresci em ambientes de muita solidariedade e superações, como a AACD, decidi não esconder quem sou eu neste projeto imaginando que este nicho tivesse a mesma reação a qual eu estava acostumado. Em outras palavras, ao ver que este projeto é idealizado por uma pessoa com deficiência física, imaginei que despertaria a motivação nas pessoas e as inspirasse a continuar apesar das dificuldades – que todos nós temos – do dia a dia.
Contudo, hoje reconheço que colocar a minha foto e relacionar este projeto a minha história de vida foi um erro. Não por que fazer isso seja algo ruim em si, mas justamente por causa do NICHO.
Por ser um nicho notadamente mais fechado e cheio de estereótipos e expectativas muito específicos, este não é um nicho para, digamos, ser diferente daquilo que as pessoas esperam, ainda que seja com a intenção positiva de auxiliar na motivação delas.
Talvez esse nicho seja composto majoritariamente por pessoas que desejam apenas escapar um pouco (ou muito) da realidade concreta e difícil procurando tão somente uma chancela para suas fantasias. Talvez este nicho não esteja interessado em “aprender” com o diferente e em histórias de superação, mas tão somente em animês, mangás, mulheres fofas, um Japão como a Terra dos sonhos e sem males, etc. Com base nisso, eu poderia me ocultar atrás de uma foto de personagem de animê (como já me recomendaram), manipular as fantasias deste nicho e os resultados, talvez, fossem diferentes.
Porém, sinceramente...
Eu nunca quis iniciar esse projeto para fazer isso. Eu estaria fazendo o que a grande maioria faz (e esse pessoal tem seguidores e engajamento), mas o abismo no ensino da língua japonesa continuaria a existir...
Ironicamente, talvez esse projeto NÃO seja para o nicho que pensei inicialmente, mas para um nicho em que pessoas sejam receptivas a histórias de superação e estejam dispostas a se abrir ao diferente. Talvez, a língua japonesa seja apenas uma parte da minha história e eu devesse navegar para outros nichos mostrando os “outros pedaços” de minha vida.